Criptomoedas como Bitcoin (BTC) são voláteis em comparação com os preços relativamente estáveis das principais moedas fiduciárias — como o dólar americano — ou de outros ativos, como o ouro. Só que existe um ativo digital que vale a pena prestar atenção, e é a stablecoin.
As stablecoins foram criadas para preservar um poder de compra consistente, além de servir como ferramentas valiosas para traders de criptomoedas e pessoas envolvidas em transações internacionais.
Com isso, os ativos oferecem estabilidade de preço, pois estão indexados a um ativo de reserva — como o próprio dólar americano ou o ouro, entre outros. Essa indexação reduz a volatilidade das moedas e oferece tanto uma moeda digital adequada para trading diário quanto para os pagamentos entre corretoras.
Com esses ativos girando no mercado, e que representam uma parte importante da máquina de cripto moderna, é importante entender o que é stablecoin, além de sua origem e vantagens para os usuários. É o que vamos tratar neste artigo. Confira!
O que é uma stablecoin?
As stablecoins são ativos digitais projetados para manter seu valor ao longo do tempo. Elas são frequentemente associadas ao valor das principais moedas, como o dólar americano, uma combinação de moedas (cesta) ou uma commodity da vida real.
Esses ativos têm o objetivo de oferecer um substituto para a alta volatilidade das criptomoedas mais usadas, como o Bitcoin — algo que tornou as criptomoedas menos adequadas para transações diárias.
Ou seja: este é o motivo. Um Bitcoin sempre será um Bitcoin, mas não é fácil negociar um ativo que muda de valor o tempo todo. Afinal de contas, o Bitcoin pode valer US$ 30.000 em um dia e, logo na manhã seguinte, custar US$ 20.000 para alcançar o valor de US$ 60.000 na próxima semana.
E, sem dúvidas, muitas pessoas podem dizer que a volatilidade e incerteza podem ser estressantes. Mas reside aí os principais benefícios das stablecoins para os investidores: liquidez, certeza e segurança aos usuários das principais blockchains e corretoras.
Além disso, as stablecoins se tornaram uma forma de refúgio seguro em blockchains, especialmente para usuários em mercados emergentes ou mais voláteis. Vimos isso, inclusive, durante a crise econômica causada pela pandemia da Covid-19, afetou as economias e moedas de vários mercados emergentes e desenvolvidos.
Um efeito colateral, a inflação, tem sido particularmente problemático para residentes de vários países, muitos dos quais voltaram para stablecoins e autobancarização para escapar da rápida desvalorização ou censura de seu dinheiro.
Assim, devido à natureza da blockchain, as stablecoins de autocustódia são às vezes uma opção mais segura para as pessoas em países que enfrentam problemas econômicos.
A ascensão das stablecoins
A primeira stablecoin do mundo — o BitUSD — foi lançada em 21 de julho de 2014 e emitida na blockchain BitShares como uma stablecoin garantida por cripto.
A segunda stablecoin, NuBits (NUB), também foi lançada 2014, no mês de setembro, e trouxe algumas semelhanças com o BitUSD: a NuBits também era garantida por cripto, mas com o uso de Bitcoin.
Ainda no mesmo ano, BitUSD e NuBits foram seguidas por Tether (USDT) via Bitfinex, uma stablecoin indexada ao valor do dólar americano e que, atualmente, é uma das stablecoins mais reconhecidas e usadas. Sua adoção substancial em mercados internacionais específicos sublinha os benefícios oferecidos pelas criptomoedas com garantia em fiat.
Nos últimos anos, a adoção de stablecoins se alinhou ao uso contínuo de moedas digitais. Algumas stablecoins recentes incluem a Dai de MakerDAO (DAI), lançada em 2017 e a Terra (LUNA), uma stablecoin algorítmica que entrou em crash em 2022.
Em janeiro de 2024, a CoinGecko lista 99 stablecoins com um valor de mercado combinado de mais de US$ 129 bilhões. A maioria dessas stablecoins, também chamadas de moedas USD, visa replicar o valor do dólar americano.
No entanto, também existem versões baseadas em blockchain de outras moedas fiat, e algumas stablecoins são garantidas por metal precioso, como o ouro.
Como funciona uma stablecoin?
As stablecoins operam a partir de mecanismos que asseguram sua estabilidade em relação a um ativo de reserva, como moedas fiduciárias, commodities ou outras criptomoedas.
Para alcançar isso, elas utilizam diferentes estruturas de garantia ou algoritmos que controlam a emissão e o resgate dos tokens.
Quando uma stablecoin está atrelada ao dólar, por exemplo, as reservas equivalentes em dólar são mantidas para cada unidade emitida. Essas reservas podem ser armazenadas em bancos ou em outros ativos financeiros de alta liquidez.
Em alguns casos, algoritmos inteligentes ajustam automaticamente o fornecimento da moeda para manter a paridade com o ativo de referência, eliminando a necessidade de garantias físicas.
Além disso, as stablecoins funcionam em redes blockchain, permitindo transações rápidas, transparentes e seguras entre usuários de qualquer parte do mundo.
Elas aproveitam as vantagens da tecnologia blockchain para oferecer uma moeda digital estável, mas sem perder a flexibilidade das criptomoedas tradicionais.
Como as stablecoins são usadas?
As stablecoins foram concebidas para resolver o problema da volatilidade que afeta muitas criptomoedas convencionais. Por isso, as moedas têm uma variedade de usos.
Meio de troca
O principal benefício da tecnologia de stablecoins é a sua utilização como meio de troca. Isso elimina a lacuna entre as moedas fiat e as criptomoedas de forma eficiente.
Muitos varejistas aceitarão stablecoins em troca de bens e serviços, assim como fazem com moeda fiduciária. Da mesma forma, tokens não fungíveis (NFTs) e outros produtos on-chain podem ser comprados e vendidos usando USDT, USDC e outras stablecoins.
Armazenamento de valor
As stablecoins são intrinsecamente ativos estáveis, tornando-as um armazenamento ideal de valor. Como resultado, elas são frequentemente usadas para concluir transações regulares.
As stablecoins também aumentam a mobilidade dos ativos digitais na rede.
Integração DeFi
As stablecoins estão preparando o caminho para a integração do setor DeFi em rápido crescimento com mercados financeiros convencionais.
As stablecoins, que herdam boa parte da utilidade anteriormente reservada apenas para moeda fiduciária, são o principal impulsionador da adoção de criptomoedas nos mercados de empréstimos e crédito como força para a estabilidade do mercado.
Uso com contratos inteligentes
As stablecoins podem ser usadas com contratos inteligentes, um contrato eletrônico que é executado automaticamente quando todas as suas condições são atendidas.
A estabilidade da moeda digital também ajuda a evitar contestações que podem surgir ao negociar criptomoedas mais voláteis.
O que posso fazer com minhas stablecoins?
Se você está mantendo uma stablecoin confiável, como USDC, pode ficar tranquilo sabendo que ela manterá seu valor. Isso permanecerá assim desde que o emissor, a Circle, mantenha suas reservas.
Como resultado, muitos acreditam que a melhor maneira de usar suas stablecoins é mantendo-as. Para máxima segurança, você pode guardá-los por conta própria em uma carteira inteligente e somente você terá acesso às suas moedas.
Como alternativa, você pode fazer staking de stablecoins em vários protocolos DeFi. Embora haja vários riscos associados ao fazer staking de seus ativos, você pode ganhar recompensas.
Como as stablecoins ganham recompensas?
As stablecoins centralizadas como USDT e USDC geram ganhos de muitas maneiras, incluindo empréstimos e investimentos de curto prazo. Essas empresas realizam essas atividades por meio de bancos de reserva fracionários.
Isso é feito ao pegar apenas uma parte dos ativos de reserva e emprestá-los para ganhar prêmios. Isso é feito na esperança de que um grande número de holders de stablecoins não saquem a garantia de uma só vez.
Quais são os tipos de stablecoin no mercado?
As stablecoins se dividem em diferentes categorias de acordo com o ativo de reserva e o mecanismo utilizado para manter sua estabilidade. Cada tipo possui características únicas que atendem a diferentes necessidades do mercado.
Abaixo, exploramos as principais classificações, confira!
Stablecoins fiat-collateralized
Essas stablecoins são garantidas por moedas fiduciárias, como o dólar, euro ou outras moedas nacionais. Para cada unidade emitida, o emissor mantém o equivalente em moeda fiduciária em uma conta bancária. Exemplos populares incluem:
Tether (USDT): uma das stablecoins mais amplamente utilizadas e atrelada ao dólar americano;
USD Coin (USDC): Emitida pela Circle e Coinbase, é conhecida por sua transparência e auditorias regulares.
A principal vantagem é a alta confiança na estabilidade do valor. No entanto, dependem de entidades centralizadas para armazenar e gerenciar as reservas.
Stablecoins crypto-collateralized
Garantidas por outras criptomoedas, essas stablecoins utilizam contratos inteligentes para gerenciar a colateralização. Como a volatilidade das criptomoedas é maior, os emissores frequentemente exigem excesso de garantia. Exemplos incluem:
Dai (DAI): mantém seu valor atrelado ao dólar com garantias em Ethereum ou outras criptos.
Essa abordagem oferece descentralização, mas pode ser menos eficiente devido à necessidade de supercolateralização.
Stablecoins algorítmicas
Essas stablecoins não possuem reservas, mas dependem de algoritmos que ajustam automaticamente sua oferta e demanda para manter a paridade. Funcionam como um sistema econômico programado. Exemplos incluem:
Ampleforth (AMPL): adapta o fornecimento em resposta às mudanças de preço.
Apesar de serem inovadoras, enfrentam desafios na manutenção da estabilidade em períodos de alta volatilidade no mercado.
Stablecoins lastreadas em commodities
Atreladas a ativos tangíveis, como ouro ou petróleo, essas stablecoins representam uma forma de investir em commodities utilizando blockchain. Exemplos incluem:
PAX Gold (PAXG): cada unidade representa uma onça troy de ouro armazenada em cofres.
Elas são uma boa opção para investidores que buscam diversificação com menos exposição a moedas fiduciárias ou criptomoedas voláteis.
Quais são as maiores stablecoin atualmente?
Deu para perceber que existem boas vantagens nas stabelcoins, certo? Confira, então, as dez principais stablecoins por valor de mercado em janeiro de 2024, de acordo com o Coin Gecko.
USDT - US$ 95,1 bilhões;
USDC - US$ 25,6 bilhões;
DAI - US$ 5,1 bilhões;
FDUSD - US$ 2,1 bilhões;
TUSD - US$ 1,8 bilhão;
USDD - US$ 723 milhões;
FRAX - US$ 647 milhões;
XAUT - US$ 496 milhões;
PAXG - US$ 419 milhões;
USDP - US$ 363 milhões.
Saiba mais: 7 das principais stablecoins para ficar de olho em 2024
Vantagens e riscos
Vamos a fundo entender melhor as vantagens das stablecoins e também aproveitar para apresentar os riscos que elas — como qualquer ativo financeiro — trazem consigo.
A seguir, exploraremos os benefícios e os desafios associados a esses ativos.
Vantagens da stablecoin
Estabilidade de preços
A estabilidade de preços é essencial para os traders de cripto e usuários de finanças descentralizadas (DeFi). Criptomoedas como Bitcoin e Ethereum (ETH) experimentam uma volatilidade significativa, às vezes minuto a minuto. Um ativo mais estável garante que o valor de seus tokens não subirá nem cairá acentuadamente no futuro próximo.
Transferência rápida e barata
As moedas baseadas em blockchain, ao contrário das formas convencionais de pagamento, atravessam fronteiras com maior velocidade do que os pagamentos feitos por redes bancárias comerciais. Stablecoins como USDC podem ser uma ótima opção para enviar dinheiro em todo o mundo devido ao rápido tempo de processamento e ao baixo custo de transação.
Hedge contra a inflação
Algumas pessoas consideram que as stablecoins são adequadas para combater a inflação devido à sua natureza imutável e descentralizada. Para as pessoas que querem manter o valor de seus fundos e ainda conseguirem fazer transações regularmente, as stablecoins podem ser a solução.
Atendimento a pessoas sem acesso a bancos
Outra qualidade disruptiva é a capacidade das stablecoins de atender às pessoas sem acesso a bancos. Atualmente, há cerca de 1,7 bilhão de pessoas sem contas bancárias, de acordo com o Banco Mundial. Ao permitir o uso de stablecoins por qualquer pessoa com um dispositivo que possa abrigar uma carteira digital, as stablecoins provaram a capacidade de alcançar essa população negligenciada.
Riscos associados à stablecoin
Dependência de entidades centralizadas
Stablecoins lastreadas em moeda fiduciária dependem de instituições para armazenar reservas e manter sua paridade. Se essas entidades enfrentarem problemas financeiros ou de auditoria, a confiança no ativo pode ser abalada.
Riscos regulatórios
O rápido crescimento das stablecoins chamou a atenção de reguladores ao redor do mundo. Mudanças nas regulamentações podem limitar seu uso ou impactar sua adoção em mercados específicos.
Vulnerabilidades de segurança
Apesar da segurança oferecida pela blockchain, stablecoins ainda estão expostas a hacks e explorações em contratos inteligentes, especialmente em plataformas descentralizadas.
Falhas em modelos algorítmicos
Stablecoins algorítmicas enfrentam desafios para manter a estabilidade em mercados voláteis. Exemplos como o colapso da Terra (LUNA) mostram como esses modelos podem falhar, resultando em perdas significativas para os investidores.
Impacto ambiental
Como parte do ecossistema de blockchain, algumas stablecoins estão associadas a redes que consomem muita energia, o que pode levantar preocupações sobre sustentabilidade ambiental.
Como começar a investir em stablecoin?
Investir em stablecoins é uma maneira estratégica de aproveitar a estabilidade no mercado de criptomoedas, especialmente para aqueles que desejam minimizar os riscos de volatilidade associados a outros ativos digitais.
No entanto, antes de dar o primeiro passo, é importante entender o que são stablecoins, como funcionam e quais aspectos considerar ao investir. Aqui está um guia atualizado e completo para começar.
1. Entenda o que são stablecoins e como funcionam
Antes de investir, familiarize-se com o conceito e o funcionamento das stablecoins. Elas são ativos digitais projetados para manter um valor estável, geralmente atrelado a uma moeda fiduciária (como o dólar americano), uma commodity (como o ouro) ou uma cesta de ativos.
A estabilidade reduz os riscos de flutuação de preços, tornando-as adequadas tanto para trading quanto para pagamentos. Pesquise as diferentes categorias de stablecoins: fiduciárias, cripto-colateralizadas e algorítmicas.
2. Escolha uma stablecoin confiável
No mercado, existem diversas opções de stablecoins, cada uma com suas particularidades. Algumas das mais populares incluem:
Tether (USDT): uma das mais utilizadas, atrelada ao dólar americano;
USD Coin (USDC): Emitida pela Circle, também pareada ao dólar, com auditorias regulares;
Dai (DAI): Uma stablecoin descentralizada e cripto-colateralizada, gerida pelo protocolo MakerDAO;
Pax Gold (PAXG): Lastreada em ouro, para quem busca diversificar além de moedas fiduciárias.
Pesquise a reputação, a segurança e a transparência das reservas dessas stablecoins para garantir que elas sejam confiáveis.
3. Escolha uma plataforma ou corretora segura
O próximo passo é selecionar uma exchange confiável onde você possa comprar e armazenar suas stablecoins. Algumas das plataformas mais populares incluem Binance, Coinbase, Kraken e OKX. Verifique os seguintes pontos antes de se registrar:
Licenças e regulamentações da corretora;
Taxas de transação e conversão;
Métodos de depósito e saque;
Funcionalidades de segurança, como autenticação em dois fatores (2FA).
4. Configure uma carteira digital (wallet)
Embora algumas exchanges ofereçam carteiras integradas, é recomendável usar uma carteira própria para maior segurança. Existem três tipos principais de wallets:
Hot wallets: conectadas à internet, fáceis de usar, mas com menor segurança. Exemplos: MetaMask, Trust Wallet;
Cold wallets: offline e altamente seguras. Exemplos: Ledger, Trezor;
Wallets móveis ou desktop: uma opção intermediária para quem busca praticidade.
5. Defina um objetivo claro para o investimento
Antes de investir, reflita sobre suas metas financeiras. Stablecoins podem ser usadas de diversas formas:
Reserva de valor: para proteger seu capital contra a volatilidade de moedas locais ou criptomoedas tradicionais;
Trading: Como uma base estável para negociar outras criptomoedas;
Pagamentos e transferências: Para enviar dinheiro de forma rápida e econômica, especialmente em transações internacionais;
Investimentos DeFi: Stablecoins são amplamente usadas em plataformas de finanças descentralizadas para staking, empréstimos e pools de liquidez.
6. Acompanhe a regulamentação local
Antes de investir, informe-se sobre as leis e regulamentações relacionadas a stablecoins no seu país. Governos ao redor do mundo estão estudando formas de regular esses ativos, o que pode impactar a forma como são comprados e usados.
7. Gerencie os riscos
Apesar da estabilidade oferecida, stablecoins não são isentas de riscos. Considere os seguintes pontos:
Escolha stablecoins respaldadas por auditorias regulares;
Diversifique seus investimentos entre diferentes tipos de stablecoins;
Evite stablecoins algorítmicas se não estiver confortável com o nível de risco associado a esse modelo.
8. Comece com um valor acessível
Ao entrar no mercado de stablecoins, comece com um valor que você pode perder sem comprometer sua estabilidade financeira. Isso é especialmente importante se você pretende explorar o uso dessas moedas em estratégias DeFi, onde as taxas de rede podem influenciar os retornos.
9. Monitore seus investimentos
Depois de adquirir stablecoins, acompanhe seu desempenho e as condições do mercado regularmente. Além disso, mantenha-se atualizado sobre as notícias relacionadas a stablecoins e blockchain para entender as possíveis implicações no seu portfólio.
Stablecoin vs. outras criptomoedas
À medida que o Bitcoin se torna mais conhecido e aceito por pessoas e instituições, há demanda crescente por moedas mais simples, menos voláteis e facilmente compreensíveis.
Embora não sejam soluções perfeitas, as stablecoins foram adotadas e apoiadas por algumas das maiores instituições do mundo e elas podem oferecer um porto seguro para traders de cripto e a população sem banco.
E vale reforçar: as stablecoins podem parecer de baixo risco, mas não são. Uma stablecoin pode experimentar um evento de corrida bancária e perder a indexação com a moeda-alvo, se não for apoiada o suficiente por ativos duros, especialmente dinheiro.
Foi o que aconteceu, por exemplo,com a stablecoin algorítmica TerraUSD em 2022, pois ela não era garantida em dinheiro, mas em outras criptomoedas.
Como os usuários perderam a confiança na capacidade da stablecoin de manter a indexação, seu preço despencou.
E veja que interessante: as stablecoins ainda representam menos de 10% de todo o mercado de criptoativos, ainda que movimentem cerca de US$ 40 bilhões diariamente.
Ou seja: ainda assim, elas se tornaram parte importante do ecossistema de cripto devido ao seu uso regular no trading de ativos de cripto e como fornecedores de liquidez em DeFi.
O USD sintético é o futuro?
Alguns acreditam que o USD sintético pode ser o futuro das stablecoins. Em resumo, o USD sintético é uma forma de stablecoin que oferece exposição aos preços em USD sem exigir uma relação com instituições financeiras tradicionais.
Portanto, é ideal para puristas de cripto que valorizam a descentralização.
Então, como os dólares sintéticos funcionam? A premissa básica é que os usuários têm dois ativos inversamente relacionados. Ao fazer isso, eles podem manter um preço estável. Isso ajuda a ilustrar o conceito com um exemplo.
Digamos que você compra Bitcoin no valor de US$ 500 e abre uma posição de hedge por meio de uma corretora de derivados. Assim:
Se o preço do Bitcoin subir, o valor do hedge diminuirá proporcionalmente;
Se o preço do Bitcoin cair, o valor do hedge aumentará proporcionalmente.
Quando você fechar a posição de hedge, o valor do Bitcoin comprado deve ser de US$ 500, o mesmo que a posição que você abriu.
O USD sintético se baseia na promessa de um ativo mais estável que está no centro das stablecoins e no seu surgimento. À medida que mais usuários entram no espaço de cripto, o USD sintético pode ser uma ponte ideal para facilitar a exposição a ativos digitais, apoiando a visão da DeFi.
Como está o avanço da regularização das stablecoins?
A regularização das stablecoins é um dos temas mais discutidos no universo das criptomoedas. Com o crescimento exponencial desse mercado e o papel crucial das stablecoins na economia digital, governos e órgãos reguladores em todo o mundo estão buscando estabelecer regras claras para garantir a segurança dos usuários e a estabilidade dos sistemas financeiros.
1. Cenário global da regulamentação
A abordagem regulatória em relação às stablecoins varia amplamente entre países. Algumas nações já deram passos significativos para criar estruturas regulatórias claras, enquanto outras ainda estão em fases iniciais de discussão.
Estados Unidos: autoridades, como a SEC (Securities and Exchange Commission) e o Federal Reserve, têm se concentrado em regulamentar stablecoins atreladas a moedas fiduciárias, como o USDT e o USDC. Em 2023, o governo propôs exigências rigorosas para emissores de stablecoins, incluindo reservas auditadas e licenciamento semelhante ao dos bancos;
União Europeia: o bloco adotou o Markets in Crypto-Assets Regulation (MiCA), que estabelece regras específicas para emissores de stablecoins e plataformas que lidam com esses ativos. O MiCA é visto como um modelo para regulamentação de criptomoedas em outras regiões;
China: embora a China tenha banido a maioria das criptomoedas, stablecoins podem ser usadas em iniciativas ligadas ao yuan digital, como parte de sua estratégia para liderar a transformação digital do dinheiro;
América Latina: em países como Brasil e Argentina, onde a inflação é uma preocupação constante, stablecoins são amplamente usadas como reserva de valor. No país, inclusive, houve um aumento de 200% no uso desses ativos entre os anos de 2023 e 2024. No entanto, os governos têm adotado abordagens diferentes: o Brasil está criando um marco regulatório robusto, enquanto outros países ainda enfrentam desafios estruturais para avançar.
Foco na proteção do consumidor
Uma das principais razões para a regulação das stablecoins é proteger os consumidores contra riscos, como fraudes e falta de transparência dos emissores. Por isso, muitos governos exigem que emissores de stablecoins mantenham reservas suficientes para garantir a paridade de seus ativos, além de passar por auditorias regulares.
Impacto nos mercados financeiros tradicionais
As stablecoins têm potencial para competir com moedas fiduciárias e sistemas de pagamento tradicionais. Isso tem levado bancos centrais a se envolverem no debate regulatório para evitar a desestabilização de suas moedas nacionais.
A criação de moedas digitais de banco central (CBDCs) também surge como uma resposta direta ao avanço das stablecoins, oferecendo alternativas reguladas para pagamentos digitais.
Desafios na regulamentação
Apesar do progresso, a regulamentação das stablecoins enfrenta desafios significativos, incluindo:
Diversidade de modelos: stablecoins fiduciárias, cripto-colateralizadas e algorítmicas têm características distintas, o que torna difícil criar um marco regulatório único;
Coordenação internacional: como as stablecoins operam globalmente, a falta de consenso entre os países pode gerar lacunas regulatórias e oportunidades para arbitragem regulatória;
Inovação versus controle: reguladores precisam equilibrar a necessidade de proteger os mercados e consumidores sem sufocar a inovação no setor.
O que esperar do futuro?
O futuro da regulamentação das stablecoins promete mudanças significativas. À medida que a adoção desses ativos cresce, governos e organismos internacionais, como o G20 e o FMI, têm intensificado seus esforços para criar diretrizes globais.
Com a regulamentação ganhando força, é provável que o mercado de stablecoins se torne mais seguro e transparente, atraindo ainda mais usuários e instituições. Contudo, investidores devem estar atentos a novos marcos legais que possam impactar o uso e a adoção dessas criptomoedas.
Conclusão
A estabilidade de preços é crucial para os usuários de cripto que negociam ativos digitais altamente voláteis. Enquanto isso, oferecer suporte a pares de trading usando moedas fiat emitidas por bancos centrais é um desafio da perspectiva logística e regulatória.
No entanto, graças às stablecoins, os traders podem facilmente sair dos mercados quando há volatilidade significativa nos preços.
A combinação da permanência dos ativos tradicionais com a flexibilidade dos ativos digitais tem sido bem recebida.
As stablecoins como USDC e USDT, que são alguns dos meios de armazenamento e troca de valor mais usados no ecossistema de cripto, fizeram fluxo de valor para bilhões de dólares.
Agora, conta pra gente: o conteúdo te interessou? Então, volte ao nosso blog e encontre outros artigos que podem ser tão úteis quanto este aqui!
Perguntas frequentes
Para quem quer negociar uma criptomoeda com menos volatilidade, as stablecoins podem oferecer vários benefícios, incluindo a função de um depósito de valor e uma fonte confiável de ganhos por meio do staking. No entanto, a alegada estabilidade delas nunca é garantida. Assim como outras criptomoedas, as stablecoins também apresentam riscos de trading. Antes de considerar qualquer decisão de trading, é essencial fazer a devida diligência e avaliar sua tolerância a risco por meio de pesquisa abrangente (DYOR).
As stablecoins servem um propósito crucial no espaço de criptomoedas ao resolver a questão da volatilidade de preços. Seu principal objetivo é oferecer um valor mais estável em comparação com outros ativos digitais, como Bitcoin, tornando-as efetivas para transações diárias e como um depósito confiável de valor.
O Bitcoin não é uma stablecoin porque não está indexada a nenhuma moeda fiduciária ou commodity. Seu preço é determinado pelas pessoas que o negociam, o que pode causar volatilidade. Ao contrário das stablecoins, o valor do Bitcoin é determinado pela oferta e demanda do mercado, contribuindo para sua volatilidade característica. O Bitcoin opera em um modelo descentralizado e orientado pelo mercado. Suas flutuações de preço resultam de fatores como sentimento do trader, tendências de adoção e condições macroeconômicas, separando-o das stablecoins com valores fixos.
© 2025 OKX. Este artigo pode ser reproduzido ou distribuído em sua totalidade, ou trechos de 100 palavras ou menos deste artigo podem ser usados, desde que tal uso não seja comercial. Qualquer reprodução ou distribuição do artigo inteiro também deve indicar em destaque: “Este artigo está sob os termos de © 2025 OKX e é usado com permissão”. Os trechos permitidos devem citar o nome do artigo e incluir atribuição, por exemplo “Nome do artigo, [nome do autor é aplicável], © 2025 OKX”. Não são permitidos trabalhos derivados nem outros usos deste artigo.